E se na Filarmónica da Luz, quando os músicos se zangam e abandonam a casa, fizessem o que este músico quer fazer? Porque não o fazem?

“As filarmónicas são a escola da vida!”, esta é uma verdade indesmentível, é nas escolas de música destas filarmónicas que se criam amizades para a vida, que se aprende a viver em grupo, que se aprende a trabalhar com um objectivo, mas acima de tudo é nas escolas de música das filarmónicas que se cresce.



Apesar de estas filarmónicas serem sempre tratadas como “filhas bastardas”, da sociedade, são estas filarmónicas que representam dignamente a cultura, as tradições de uma terra. Mas tentemos perceber porque razão as filarmónicas não são apoiadas como deveriam, justamente, ser. A resposta é muito simples, estas filarmónicas não aparecem muito na comunicação social, logo não divulgam marcas (patrocínios), estas filarmónicas não jogam dentro das quatro linhas, bem como estas filarmónicas são facilmente dispensadas porque existem outras com abundância, porque se as filarmónicas estivessem na mesma situação das equipas de futebol da Graciosa, ou seja cheias de dívidas, ou mesmo se estivessem em vias concretas de terminar, provavelmente veríamos muitos apoios monetários e materiais.



Infelizmente o futebol, que também é cultura, arrecada dezenas de milhares de euros, não conseguindo gerir o dinheiro gastando em aquisição de jogadores para não se atingir objectivo algum e apresentando dividas descomunais, enquanto as filarmónicas podem-se contentar uns pouquinhos milhares, apresentando lucros de 20.000€ ou mais, porque sabem gerir e tem um objectivo definido que é promover a cultura de uma terra, logo aqui denota-se a desigualdade presente entre as filarmónicas e o futebol, que medidas devem ser tomadas para que haja equidade? Muito simples! Ver quais a colectividades que são devedoras apesar de gastarem, desnecessariamente, o dinheiro público, e aí reduzir significativamente o valor a atribuir, só assim se pode ser justo.



Outra crise que as filarmónicas têm que enfrentar, é a mais que afamada desertificação da população graciosense, são cada vez menos os jovens na Graciosa e os que cá andam não se interessam pelas filarmónicas, porque elas não lhes dão dinheiro como o futebol, logo é mais aliciante juntar “o útil ao agradável”, mas é importante reter algo fundamental é que no futebol acabam-se carreiras através de lesões gravíssimas, porque infelizmente não se pode chamar futebol àquilo que se pratica na Graciosa, mas sim RING – DE – BOXE, logo, a partir daí são só vantagens participar nas filarmónicas, bem e sempre se vão fazendo viagens pelos Açores, Continente, Madeira, Canadá ou Estados Unidos da América, enquanto que no futebol se se vai a São Jorge e à Terceira, já é o muito.



Enfim, palavras para quê, as filarmónicas são as dignas representantes da cultura Graciosense.







12 anos de Executante



A minha vida pelas filarmónicas já leva, praticamente, doze anos. Dez anos passados na Filarmónica Recreio dos Artistas e um ano e meio, passado na Filarmónica União e Progresso de Guadalupe, e se à lição que posso retirar destes anos de executante é que devemos lutar pela música da nossa terra, ignorando os mal dizeres, pois a inveja é incompatível com a alegria de viver a música.



A minha saída da Filarmónica Recreio dos Artistas foi um pouco atribulada, confesso até que foi muito difícil para mim, pois estava muito conectado em todas as actividades daquela filarmónica, fazia sempre tudo o que podia e não podia para ver a “minha” filarmónica cada vez melhor, não só a nível de sonorização, bem como melhor perante a sociedade, e se à coisa honesta que demonstrei nessa altura foi que eu não estava naquela instituição por interesse, mas sim por amar aquela casa, pois a minha saída concretizou-se três dias antes desta filarmónica se deslocar a São Jorge, se fosse como muitos teria ouvido e calado no momento, tinha ido para São Jorge e quando regressasse desistia.



Se me perguntarem, “achas que conseguiste, melhorar a imagem da filarmónica perante a sociedade enquanto lá estives-te?”, eu digo “Ao menos contribui”. Não me arrependo de ter saido da forma como saí, pois a culpa nunca é somente de uma parte, mas sim dos dois lados envolvidos, foi então que decidi não "morrer" a nível musical e partir para uma nova aventura, e é ai que aparece a Filarmónica União e Progresso de Guadalupe, a meu pedido, aceitaram-me com se eu estivesse feito sempre parte daquela colectividade, senti-me em casa, pessoas fantásticas que sabem o que querem e para onde vão, é indescritível a união ali existente, tudo em torno de uma filarmónica, mas tudo o que começa acaba e em Janeiro de 2010 achei que era tempo de terminar, não só por motivos de estar ausente da minha terra, o que não me impossibilitaria de continuar, mas também pelo facto de achar que não estaria preparado para “pegar” num novo reportório, que para mim, devido a estar ausente, seria difícil de acompanhar, a minha saída deveu-se a isso e ao facto de achar que seria bom sair porque no momento não sabia se a minha continuação seria honesta, pois o meu coração, como esteve sempre, encontrava-se na Filarmónica Recreio dos Artistas, apesar disso sempre dei o meu melhor para defender as cores da Filarmónica União e Progresso de Guadalupe, pois eu também queria trabalhar para o objectivo de promover esta filarmónica, para tal criei um blog que sempre cresceu enquanto lá estive, daí não me arrepender da decisão que tomei, pois em comparação com a saída da primeira filarmónica, estive muito menos tempo do que na F.R.A, e não deixei amigos de infância, mas claro que criei muitas amizades.



Quanto ao futuro, provavelmente regressarei a “casa”, mas isso é o futuro, no presente estou como os deputados independentes, não tenho filiação politica mas tenho afectação, o que vai dar ao mesmo.



Na próxima “Opinião”, regresso com o tema das filarmónicas mas agora vou avaliá-las, ou seja na minha opinião como andam as filarmónicas da nossa ilha Graciosa???"







Tiago Correia

Fonte: TC.F - Tiago Correia Filmes

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