Filarmónicas da ilha deviam ser mais valorizadas

A Graciosa, as suas filarmónicas e a falta de concertos
Cada vez mais se tem visto nas nossas festividades artistas continentais, marchas, exposições, entre outras actividades e eventos, mas pouco espaço nos programas das diversas festas de freguesia se tem dado às filarmónicas, principalmente às filarmónicas que não a da casa. É um fenómeno cada vez mais frequente e cada vez mais encarado com naturalidade e passividade. Exige-se qualidade às filarmónicas, trabalho, dedicação, esforço redobrado para a participação em várias procissões e cortejos, mas falta recrutar as filarmónicas para eventos mais dignos de uma instituição com fins culturais, nomeadamente musicais. Faltam eventos em recintos fechados. É preciso haver mais concertos para filarmónicas, para que estas possam evoluir e romper com o clima de desmotivação que paira nas mentes já da maior parte dos músicos, pois trabalha-se arduamente durante um ano inteiro para apenas, muitas das vezes, se fazer alguns arraiais em bodos em honra do Divino Espírito Santo e se realizar muito poucos concertos. Fogem ao que já é encarado como regra, as festividades da freguesia de cada filarmónica e as festas de concelho, as festas em honra do Senhor Santo Cristo na Graciosa. São realmente muito poucos os serviços em palco para os quais são solicitadas as filarmónicas, nomeadamente as filarmónicas das freguesias menos populosas da nossa ilha, pois são as que participam em menos festividades. Terá a maior parte dos artistas continentais que são contratados, muitas das vezes para actuarem em palco em playback total, ou seja, sem cantarem uma nota que seja, maior valor e mais qualidade que as nossas filarmónicas? São esses artistas que deixam as suas vidas familiares para sem ganharem um cêntimo dedicarem grande parte do seu tempo às filarmónicas? Nós temos boas filarmónicas, mas só podemos ainda evoluir mais se nos for dada oportunidade para fazermos mais concertos, para expormos o que de bom fazemos, para apresentarmos os bons reportórios que as bandas filarmónicas apresentam nos diversos palcos, comparando com a maior parte das filarmónicas da região. Temos excelentes músicos que só se conseguem auto-motivar e motivar o público que assiste às nossas actuações com tempo para poderem expor o trabalho de um ano inteiro. 
Uma boa reflexão sobre a forma como as nossas gentes lidam com as filarmónicas é urgente, sob pena de caminharmos para o fim das filarmónicas e até as procissões passarem a não ter filarmónicas a tocar. É triste esta realidade mas é necessária uma reavaliação de todo o apoio e de todo a atenção dada às nossas filarmónicas. Também, em parte devido a esta mentalidade de desprezo para com as nossas filarmónicas, se perdeu a excelente reputação a nível regional que as filarmónicas da Graciosa outrora tiveram. Boas tocatas para todos os filarmónicos da nossa ilha. 

17 de Julho de 2011, Tiago Santos, músico bombardinista da nossa ilha.

Texto de opinião de: Tiago Santos

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